trabalho remoto

Empresas já testam novos modelos de atuação com terceiros e eventos virtuais crescem nas corporações

Modo de atuação e alinhamento com representantes, por exemplo, passa por processo de adaptação de agendas tradicionais, como as convenções de vendas, que agora ganham modelos virtuais. Perfil do trabalhador também precisa atender a essa novo momento do mercado

O mundo passou por um processo de grandes mudanças por conta de uma crise na saúde. As relações profissionais e de mercado já são outras e, como qualquer transformação, ainda devem sofrer adaptações para se acomodar em um novo modelo cotidiano – até que outra grande necessidade imponha novas mudanças. Assim como o modelo de gestão, as ações dentro da empresa também têm uma metodologia diferente. É o caso do trabalho com representantes comerciais, até então pautado em alinhamentos presenciais, especialmente nas famosas convenções de vendas, que agora precisam ser adaptadas.

“O trabalho remoto se tornou uma necessidade no momento do distanciamento social e trouxe à tona a capacidade de inovação de cada integrante da empresa. Passado o boom da mudança, os profissionais devem enfrentar uma etapa de lapidação, de autocapacitação a essa nova realidade. Ainda há uma série de restrições para encontros presenciais com muitas pessoas e as empresas não podem esperar pelo retorno total da normalidade para então alinhar expectativas com seus representantes. Agora é hora de seguir com novos formatos”, comenta o consultor empresarial e mentor de negócios Roberto Vilela.

Para o consultor, relações internas na empresa passam a acontecer mais no âmbito virtual do que no presencial e pedem posturas diferentes dos colaboradores, em qualquer nível hierárquico. E para se ter uma ideia, há uma procura crescente por profissionais que estejam preparados para atuar na área de representação e vendas neste novo modelo. Um levantamento da plataforma de recrutamento InfoJobs mostrou um aumento de 387% na oferta de vagas de trabalho no modelo home office para vendedores, representantes e consultor de vendas na comparação de março com janeiro.

Para garantir um trabalho de qualidade mesmo neste novo formato, o alinhamento digital tem sido a saída. Na Ipel, indústria que desenvolve linhas de papéis sanitários e descartáveis, a comunicação entre a equipe de vendas já seguia uma estrutura de relacionamento à distância, visto que muitos representantes estavam geograficamente distantes da empresa. Por conta disso, o engajamento interno não sofreu muitos impactos. No entanto, o maior desafio encontrado na pandemia foi determinar o modo de prospectar novos clientes. “No digital, criar a rede de relacionamentos é mais trabalhoso e muitas vezes não se tem o caminho das pedras para chegar no decisor do processo. Por isso foi necessário criar novos hábitos, como reuniões online, videoconferência, lives que antes eram muito restritas e hoje fazem parte do nosso dia”, afirma Luciana Dobuchak, diretora comercial da empresa.

Dois encontros importantes, um na metade do ano e outro no fim do ano, eram realizados para alinhar as estratégias do negócio na Ipel. Agora, eles seguiram para o formato digital, e segundo Luciana, o resultado é surpreendente.  A mini-convenção de agosto foi feita de forma virtual e mostrou aspectos positivos e a necessidade de alterações em alguns pontos. “Mesmo sendo digital, houve grande interação dos participantes e o sentimento de estarmos juntos, como se fosse o presencial. Mas percebemos que o engajamento aconteceu porque o roteiro foi conduzido com firmeza para não escapar do assunto e do foco. Os benefícios foram inúmeros, principalmente com relação à organização: custo, agilidade em reunir todos em um mesmo momento, inexistência do tempo gasto em deslocamentos. Vamos fazer alguns ajustes com relação ao tempo, porque o digital acaba cansando um pouco mais do que o presencial, em função de pausas, trocas de apresentações, etc. Devemos fazer essas conferências com mais frequência e com cargas horárias menores. E temos clareza que vale sim investir neste formato mesmo após a pandemia, devido ao custo e foco mais estratégico”, comenta a executiva da Ipel.

Para Roberto Vilela, a estratégia utilizada pela indústria foi assertiva. “Acompanhei de perto esse modelo virtual de convenção e conduzi treinamento para a equipe durante o projeto. Além da questão de custo, essencial de ser avaliada neste período, um bom roteiro, sucinto e direto, garante sim o alinhamento necessário. E é uma forma de mostrar para o time de representantes como a empresa vem se posicionando na crise, além de dar aos profissionais munição para seguir com as vendas e as prospecções. Mais do que nunca, são ações que precisam ser consideradas, porque é hora de aproximar, mesmo que digitalmente a equipe do propósito da empresa. A crise não permite erros e utilizar a tecnologia para garantir mais resultados, especialmente através de alinhamento com a equipe, é preponderante”, finaliza.

convencao de vendas

Convenção de vendas: o que não deve ser esquecido

Escolha da temática, lista de speakers, convidados selecionados. Preparar uma convenção de vendas matadora é desafiador e exige centenas de horas de dedicação e planejamento. Nessa correria, no entanto, nem sempre algumas questões tidas como coadjuvantes recebem a devida atenção e podem resultar em queda da qualidade do evento.

Primeiramente é preciso deixar claro que o projeto deve estar bem desenhando antes de iniciar a execução de ações de preparo. Muitas vezes algumas coisas começam a ser feitas antes da equipe ter uma visão nítida de como será a convenção de vendas, seu tema, o número de participantes estimado. E aí é muito comum que ocorram erros importantes. Sempre que participo de um projeto desse tipo, seja como palestrante, apresentador ou parte da equipe de planejamento, observo algumas dessas questões.

Listo abaixo questões periféricas que não devem ser esquecidas na convenção de vendas:

– A estrutura oferecida: é preciso se certificar de que o local escolhido comporta o número de participantes, tenha espaço para as ações planejadas, ofereça conforto e infra para recursos audiovisuais, por exemplo. É importante testar o espaço antes, para garantir que tudo saia de acordo com o planejado. Uma visita da equipe ao local, testes de luz e som, por exemplo, são boas iniciativas.

– Escolha de horários no cronograma: um erro comum é o fato de se dar pouca atenção à distribuição de horários. Uma palestra muito densa logo após o almoço, pausas em intervalos mal calculados acabam dispersando a atenção dos participantes na convenção de vendas. O ideal é garantir momentos de descontração e intercalar assuntos mais sérios com estas horas mais leves.

– Premiação: muitas vezes este é o ápice da convenção de vendas para os participantes e nem sempre a equipe organizadora trata o momento com a devida atenção. Pouco tempo para este reconhecimento ou nenhuma ação de valorização acabam desmotivando quem tanto se esforçou para chegar a este patamar.

– Lideranças com espaço: por fim, é importante reservar espaço para as lideranças falarem com os participantes. Mesmo que a convenção seja conduzida por profissionais, uma breve fala de quem comanda as equipes no dia a dia não pode falar. Ele precisa mostrar que está presente, assumindo junto com os liderados os desafios que estão sendo propostos.

Convenção de Vendas

Quatro razões pelas quais sua convenção de vendas fracassa

Foram meses de planejamento, diversas pessoas envolvidas e um alto valor investido. Está
tudo pronto para a sua convenção de vendas e então bate a dúvida: será que as escolhas feitas
para este momento foram as melhores? Quais os resultados que teremos?
Muitas vezes, infelizmente, a convenção de vendas acaba sendo um verdadeiro fracasso.
Pouco engajamento, dispersão dos participantes, nenhum resultado nos próximos meses que
justifique os custos envolvidos.
Se esse cenário é familiar para você, sugiro rever o formato da sua convenção de vendas. Ela
pode ter uma das quatro razões abaixo, que fazem esse tipo de evento fracassar:

1 – Falta de foco

Esse é um problema comum quando o evento não é planejado com antecedência. Muitas
vezes os temas da palestra não conversam entre si e existe uma série de problemas que vêm
em seguida: falta de direcionamento ao longo do evento, dispersão dos participantes, sem
clareza para a tomada de decisão do profissional a partir dos pontos apresentados. Para evitar
esse tipo de problema é importante ter o tema previamente definido para então escolher
quem fará uso da palavra. Apresentação de resultados, novidades no portfólio e metas de
venda são temas que não podem faltar.

2 – Muito entretenimento, poucos negócios – e vice-versa

Uma convenção muito maçante acaba prejudicando a concentração dos participantes. Já
quando as palestras ou atividades são voltadas mais para o entretenimento do que para os
negócios, acaba não sendo produtiva. É importante mesclar momentos mais descontraídos

com temas mais sérios. Uma pausa entre uma apresentação e outra também é importante
para quebrar o ritmo e fazer com que os participantes retomem o foco. Uma dica é separar o
estilo de apresentações por período: de manhã traga os temas mais importantes e que exijam
mais concentração, que sejam mais “espinhosos”. Após o almoço intercale com temáticas mais
leves, atividades interativas e finalize o dia com uma palestra voltada à gestão de pessoas e
não aos negócios em si, por exemplo.

3 – Sem uma visão do mercado

Quando a convenção de vendas é realizada apenas com os próprios profissionais da empresa,
dá a impressão de que não há um estudo de mercado, uma visão do que acontece da porta pra
fora. Por isso, um investimento importante é contar com uma consultoria ou palestrante para
o evento. Uma visão de fora sempre traz peso para a convenção e ressalta a importância deste
momento para a empresa.

4 – Falta de clareza na apresentação das metas

Mesmo que sejam duras ou que possam gerar questionamentos, a convenção de vendas é o
momento ideal de se apresentar as metas estabelecidas. Elas devem ser repassadas de forma
clara. Importante destacar também como foi o estudo para se chegar aos números propostos.
Assim, a equipe vai entender que o desafio pode parecer difícil, mas foi definido porque a
empresa avaliou a capacidade da sua equipe e confia plenamente em seu time de vendas.